terça-feira, maio 23, 2006

A arte - Frida Kahlo, no CCB





Saí de casa, num sábado à tarde, para ir ver a exposição da Frida Kahlo no Centro Cultural de Belém, uma semana antes de a itinerante mudar de cidade e de país, assim, como todos que, de uma forma ou de outra, têm uma paixão pelas coisas da cultura e da arte, tinha que ir ver o acontecimento. E fui.

Comecei por estranhar a quantidade de carros estacionados nas imediações do CCB, não havia lugares e já havia polícias a multar, em sítios onde habitualmente não multam.

Vista a confusão, decidimos estacionar no parking do CCB. Deixei de estranhar. O parking, que é dos mais baratos de Lisboa, estava vazio, o que só podia querer dizer uma de três coisas: ou, os donos dos carros lá fora não conheciam o estacionamento, ou os donos dos carros eram lumpenes, ou as duas coisas juntas. Lá dentro, percebi que era «as duas coisas juntas».

A Frida Kahlo mais do que uma pintora é uma iconografia, ela é cinema, ela são ensaios sobre identidade, género, sexualidade, esquerdismo, estética, ela é música de Lila Downs e de Lhasa (que eu prefiro) e ela é também arte, como tal, era de esperar uma romaria ao altar da mexicana montado na sala de exposições do CCB, exactamente, no mesmo dia, que outros iam de romaria para Fátima. A diferença…?

Sem mais rodeios, eu não consegui ver a exposição, e duvido que alguém tenha conseguido, porque não me deixaram! Esclareço. 1º, a enchente era tão grande que não era possível estabelecer um ritmo certo de visualização das obras (como acontece nas grandes exposições nos outros países da Europa); 2º, o público era tão «entendido» e «habituado» às exposições que não conseguia seguir as indicações da ordem de visionamento (como acontece nas grandes exposições nos outros países da Europa); 3º, as pessoas não sabiam se comportar, estar ali ou estar nos saldos na Zara do Colombo dava igual, vi pessoas a colocarem os dedos no acrílico que protegia as obras, vi pessoas a lerem os textos de suporte de costas para os quadros, não permitindo a sua visualização, vi de tudo (como não acontece nas grandes exposições nos outros países da Europa); a organização era péssima, desde textos de apoio com excesso de texto e com grafismo minúsculo sob fundo colorido, até não haver barreiras de distância entre as obras e o público.

A exposição que tinha interesse, com obras do Museu Dolores Olmedo, apesar de muito centrada na vida de Frida, fotos, vestuário etc., como já se sabia, passou-me ao lado, porque, repito, não era possível vê-la com tranquilidade.

Parei 2 minutos, tudo o que consegui, para ver com atenção «A Coluna Partida».


Abílio Neto

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