sexta-feira, fevereiro 02, 2007

O aborto - José Ribeiro e Castro




Há 2 sábados, 27.01.2007, antes da hora do almoço, 12:00, Antena 1.

Normalmente, enquanto estou na cozinha a preparar o almoço ou a preparar os vinhos para acompanhar as refeições do fim de semana, costumo ouvir – quando os entrevistados interessam, o último foi o Luís Filipe Menezes, não ouvi - o espaço de entrevistas «Maria Flôr Pedroso», da jornalista Maria Flôr Pedroso, Flôr, para os seus amigos, presumo, pois, é assim que a tratam os entrevistados, por norma, políticos.

O penúltimo convidado foi José Ribeiro e Castro, líder ou meio líder do PP ou do CDS-PP, não se consegue perceber bem pelo acosso a que é submetido, ouvindo a entrevista, entende-se perfeitamente a razão do razoável acosso.

Fui ouvindo a entrevista, estupefacto com a falta de segurança ideológica do homem, e se foi tornando mais evidente, porque a Flôr, que não é propriamente uma rosa, foi insistindo, redundantemente na questão, sob diversos mantos: «É um Liberal ou um Conservador?»

A pergunta mais traiçoeira que se pode fazer a um político de direita na Europa do Mediterrâneo, incomoda, perturba, pois, eu não consigo perceber porquê, entendo, mas não percebo. Entendo que a direita europeia mediterrânica (e continental) tenha dificuldades em assumir os pressupostos ideológicos do Partido Republicano americano, não é de agora, vem de trás, não começou com Reagan e terminou com Bush, vem mais de trás e não vai terminar, e tem tudo que ver com a religião, tem que ver com a diferente percepção do mundo dos católicos e dos protestantes.

Volto a entrevista, porque não é esse o caminho que pretendo seguir.

Depois de muitas hesitações, inconsequências e tal, não é que no final - como sempre acontece no programa -, a Flôr, pede ao entrevistado que indique uma canção para fecho, e o líder do PP escolhe Happy Birthday do Stevie Wonder, porque «gosta muito de R&B e porque é um hino a vida», homenageando, assim, o próximo referendo ao aborto.

Pensando no improvável, imaginei logo que se entrevista fosse feita antes do dia 08.03.2007, dia do da mulher que a escolha fosse I Just Called!

Happy Bithday e I Just Called, as duas piores canções escritas por Stevie Wonder.

Mais não comento.

Abílio Neto

O alívio - O fim de Harry Potter



Que alegria!

Aconteceu agora mesmo de manhã, enquanto vinha de carro para o trabalho, ouvi na rádio, na Antena 1, que ao 7º, a J.K. Rowling anunciou a data de edição do último livro da série Harry Potter, 21.07.2007.

Harry Potter and the Deathly Hallows ou em português, conforme já se anuncia, Harry Potter e os Mortais Santificados.

Pessoalmente, recebi a notícia com esfusiante alívio, já tenho a garantia de algumas coisas:

1 - A médio prazo, nos transportes públicos, vou deixar de ver o exército maoista de leitores de Harry Potter olharem para leitores de outros livros como se fossem diabólicos reaccionários;

2 - A médio prazo, nos jantares com amigos, vou deixar de ser obrigado a ouvir toscas dissertações sobre a importância literária da série;

3 - A médio prazo, em todo o lado, vou deixar de irritar-me cada vez que oiço a patética defesa da vertente pedagógica deste fenómeno de vendas, «é bom, porque os miúdos começaram a ler», sem ter de comentar, para mim, «é mau, porque os miúdos podem bem começar a ler outras coisas!»;

O Harry Potter acabou, o Senhor dos Aneis já tinha acabado, agora só faltam os livros do Paulo Coelho e do Dan Brown acabarem, é a minha melhor esperança para o médio prazo, com a aborrecida certeza que outros virão, do mal o menos, já vou pensando no renascer da Margarida Rebelo Pinto, mais gira, nome mais longo, bom blog, terrena e térrea.

Tudo escritores que nunca lerei.

Abílio Neto