quarta-feira, março 08, 2006

A política – os políticos (alguns) e a escrita




Eu gosto de políticos que escrevem, ou melhor, os políticos que eu gosto escrevem, ou melhor ainda, os políticos que eu gosto são capazes de escrever, como tal, aos meus olhos, parecem-me políticos mais completos, mais habilitados, mais interessantes e mais articulados. Normalmente, quem escreve, sabe ler e quem sabe ler sabe liderar. Amilcar, Mandela, Churchill, Sengor, Blair, Havel, Fernando Henriques e alguns mais.

A excepção recente a essa regra, parece ser o Dr. Yalá. Com alguma condescedência posso dizer que escreve, se bem que não o tenha lido (a não ser extractos, em jornais, de um famoso livro de filosofia veterinária, medindo a preocupação do filosofo com o pensamento animal, sem se preocupar em ser parabólico e sem ensaiar uma fábula, no fundo, segundo entendi, um bom livro de auto-ajuda para animais). Por evidente, nem me passou pela cabeça fazer uma leitura da obra, porque não gosto do autor, contudo, o que posso dizer é que lhe reconheço imensa incapacidade, profunda inabilidade, pouco interesse e muita desarticulação.

Mas, nesse particular aspecto, vejamos o quadro actual das presidências da África que fala português: Guebuza, Dos Santos, Pires, Vieira e Menezes! Sinceramente, fico feliz por saber que, qualquer um deles é capaz de pagar à alguem para lhes escrever um mau livro.

Na eventualidade de isso vir a acontecer, atrevo-me a antecipar os resumos das contra-capas:

- Com guerra, conseguiu eliminar o seu principal adversário político, após largos milhares de mortos; depois disso, sem guerra, a mortandade não baixou, continuou nos largos milhares;

- À sombra do grande líder, foram guerrilheiros; depois disso, tudo fizeram para deixar o grande líder à sombra, escrito a duas mãos;

- Como guerrilheiro, a sua história é quase tão simpática como a de outros guerrilheiros que foram presidentes; depois disso, a história de outros guerrilheiros que foram presidentes não é tão antipática como a sua;

- Na 1ª República travou a guerra do cacau; depois disso, na 2ª República, também.



Abílio Neto

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