quinta-feira, fevereiro 02, 2006

A minha política de 2005














O acontecimento internacional do ano.


- Os atentados em Londres.
A cidade não merecia, os londrinos tão pouco e muito menos Tony Blair (aliás, ninguém merece isto). Sim, Tony Blair. O ReinoUnido não teve, em toda a sua profunda história democrática, um líder com uma agenda política tão abrangente, diversa, justa e incluente, como a de Blair. Blair é o líder mais culturalista (a sua formação intectual e ideológica é feita com os pensadores do cultural studies, Hall, Giddens, Beck, Mouffe et al, incluindo os pós-coloniais, Said, Appudarai) de todos os líderes actuais (provavelmente, de sempre, pela possibilidade) é o que mais tem olhado e feito pelo «outro», não na lógica dogmática de «ou isto ou isso», mas sim na lógica aberta e tolerante de «se não, mas também».



O acontecimento africano do ano.



- O regresso de João Bernardo Vieira, Nino, à presidência da Guiné Bissau.

Como não gosto de ditadores (pois, para mim, não existem ex-ditadores, porque não existem ex-jogadores, nem ex-professores, nem o bacalhau é um ex-peixe...), não posso gostar deles no poder. Todavia, apesar de ter sido mau, devo dizer que o facto atenua-se por eu saber que por detrás da sua candidatura e victória estiveram e estão democratas que, espero, para o bem da Guiné, não façam a pior das opções, a de desleixarem os seus nobres valores a favor de valores ignobéis; enquanto que por detrás da candidatura e derrota do seu oponente, pareceu-me não haver nada de pensamento e estratégia, nem ninguém que pensasse, quando assim é não há nada a fazer, perde a democracia por ser feita por não democratas, o que é uma perda sempre relativizável.


O acontecimento santomense do ano.



- Tenho dúvidas, entre o 30º aniversário da independência, o não acontecimento habitual, o documentário do Angelo Torres, Mar Angolar, o emergir do poder judicial (Procuradoria Geral, Tribunal de Contas, Tribunal Constitucional e Advogados) e a nomeação do Eng. Gaudêncio Costa como super-ministro das pastas económicas, porque, pela 1ª vez eu, publicamente, manifestei a minha satisfação por uma nomeação para um Governo do meu país, enviando felicitações escritas ao nomeado. Não foi fácil escolher.


Qualquer um dos temas merecerá uma atenção mais cuidada e profunda ao longo destas páginas.

Elejo a nomeação do Gaudêncio Costa. O critério para a minha opção foi simples e é entendível se se fixar nos seguintes pontos:

1. Num ano de eleições (decisivas para o país, segundo a minha perspectiva, mais do que qualquer outro ano) em São Tomé e Príncipe, julgo que a política deve terminar o ano em destaque, porque vai começar o ano em destaque;
2. Esta escolha tem um significado pessoal óbvio, tanto pelo acto de elogiar publicamente a nomeação, como pela minha própria opção de assumir que considero importante manifestar-me, pela 1ª vez, sobre um acto político do meu país, julgo ter chegado a altura de alterar comportamentos;
3. É um compromisso pessoal com uma personalidade, o Gaudêncio Costa, a quem reconheço capacidade, honestidade e diligência para governar bem.

Vincula-me a minha escolha, pelo critério exposto, claro está, não me vincula a acção do Gaudêncio Costa enquanto ministro, pela condicionante de fazer parte de um governo - que me parece fraco no geral, que está a prazo, logo, condicionando e que não representa um Projecto Global de transformação do país - enfim, um governo cuja política nunca poderei assumir, até porque é um típico governo do MLSTP-PSD, ou seja, um governo normalmente de poucas (muito poucas) ideias e zero de criatividade.


Abílio Neto

Sem comentários: