quinta-feira, dezembro 14, 2006

A verdade - Ana Sousa Dias Entevista Daniel Baremboim




Extraordinária entrevista. Terça-feira, 12 de Dezembro de 2006., Por Outro Lado, na 2, cerca das 23 horas.
O pormenor. Mais ou menos assim.
Ana Sousa Dias: E se o Sr. não se entende com um solista, isso não levanta problemas...?
Daniel Baremboin: Não. Isso é muito feminino.
Dentre outras coisas deliciosamente ditas, olhadas e sugeridas, mais esta, quando a entrevistadora lhe pediu um comentário sobre a relação de amizade que mantinha com Edward Said. Com uma elegância impossível de se descrever, que é a sua, o maestro fez o comentário que o define, enquanto homem, inteligente, aberto e judeu.
Daniel Baremboin: tinhamos muito em comum, sobretudo a multi-identidade.
Acho que ninguém é capaz de reflectir sobre estas palavras, sobre esta curta frase, sem ter a estúpida pretensão de, ao menos, escrever um livro sobre elas. Isto vindo de um ilustre judeu que teve a coragem de tocar Wagner em Jerusalem, com a sua Orquestra West Eastern Divan, num auditório de 3000 pessoas, cheio, quase tudo judeus, após ter mantido uma conversa de cerca de 45 minutos com o público, interrogando se deveria fazê-lo ou não. Segundo Daniel Baremboin sairam da sala mais ou menos 80 pessoas, e nos dias seguintes, os políticos fizeram o resto na comunicação social.
Abílio Neto

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