segunda-feira, dezembro 11, 2006

A política - os ditadores (II)





Outro menos...
Não havendo um pingo de ironia numa ditadura, menos ainda num ditador, Pinochet conseguiu que a vida lhe pregasse essa partida, conseguiu que o seu fim fosse uma ode a ironia: morreu no Dia dos Direitos Humanos, sem necessidade de ser julgado pelos seus crimes. Deus encarregar-se-á de fazer o resto porque os homens não seriam capazes, é nessas alturas que, a mim, muito me convém que Ele exista.
Lembro-me de ter tido um colega e amigo chileno em São Tomé e Príncipe, em finais dos anos setenta, chamava-se Ernesto, ele o irmão e a mãe eram perseguidos pelo regime do general Pinochet e os meus pais estavam presos, por «crimes políticos», pelo regime do Pinto da Costa, pois, a ditadura santomense deu-se ao luxo de receber perseguidos de outras ditaduras - outras ironias, outros tempos, os da guerra fria -, desde aqui, seguro que o Ernesto e a família não me irão ler, mando-lhes um grande abraço por finalmente ter acontecido a sua libertação mística ou cósmica ou até espiritual.
Que brevemente tenhamos a notícia da morte de outro ditador!
Abílio Neto

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