
Não percebo o Nobel ao Al Gore. Se votasse - ainda bem que não, já se preceberá a razão -, se fosse deputado sueco, não lhe daria o meu voto.
Se votasse, como dizia, não daria o meu voto ao Al Gore, por 2 razões, mais do que suficientes, para não gostar política e pessoalmente dele:
- Foi cobarde no caso Bill Clinton Monica Lewisnky, não se expôs, resguardou-se, quando devia ter feito exactamente o contrário, o eleitorado não é parvo e percebeu que não havia «Homem»;
- Foi cobarde na fase final das eleições de 2000, quando não soube «bater os pés», não soube reagir com a contudência e sujidade necessárias - recusou a proposta da One Million March, preferiu ficar em casa com a família a espera -, à orquestração bem montada pelos Bush na Florida, uma vez mais a opinião pública percebeu e deixou que ele perdesse as eleições.
Um homem assim, que não sabe ser leal, quando a história lhe pede, nem ordinário e sujo, quando a história também lhe pede, insisto, um homem assim não pode ser Presidente de nada, nem pode ser merecedor de um Nobel da Paz.
Se pensarmos retroactivamente, Al Gore foi o principal responsável pelo fiasco da Guerra do Iraque, uma guerra inevitável, fui e sou a favor, mas que podia ter sido feita de outra forma, exactamente, da forma como Bill Clinton a vinha anunciando, por desgaste e por envolvimento da ONU e do Mundo Arabe.
Não vi o documentário do Al Gore, vou ver o do Leonardo DiCaprio, não vou comprar o seu livro The Assault on Reason, já comprei o de George Monbiot, Calor.
Não é agora que Gore tem que se posicionar, quando a história lhe pediu, não o fez, portanto, o seu encontro com o mundo, por muito que Hollywood queira, deve e tem de ficar adiado, sine die, e até com barbas.
Abílio Neto